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As expectativas para o mercado de papel e celulose

Papel - 10/03/2015 - 10:44



Na América Latina, a entrada de novas capacidades de celulose de fibra curta branqueada em 2014, que hoje representa um total global superior a 37 milhões de toneladas, reafirmou a demanda pela commodity no mundo e a igual capacidade desse mercado em se ajustar ao novo cenário de grandes volumes, que deve continuar crescendo a um ritmo que comporta aproximadamente uma nova fábrica de grande porte, ou seja, de 1,5 milhão de toneladas por ano, conforme previsão da RISI. Com a entrada dessa produção no mercado, as previsões de queda nos preços da celulose de fibra curta se concretizaram no segundo semestre do ano passado. Ao mesmo tempo, também aconteceram fechamentos de capacidades, equilibrando essa operação.

O mercado de papel vive uma grande transformação e trará grandes mudanças, que serão anunciadas ao longo do ano. Como exemplo, a recente fusão da Mead Westvaco MWV e Rock Tenn, representando um novo momento para o segmento de caixas de papelão ondulado. Em 27 de janeiro último, as empresas anunciaram o acordo, cujo valor acionário chega a US$ 16 bilhões. Trata­se da segunda maior empresa norte­americana de embalagens, ficando atrás apenas da International Paper. Kerr acredita que novas aquisições, desta vez na área de papéis de imprimir e escrever, ainda se concretizem na região.

Um dos grandes gargalos que impedem o bom desempenho do mercado de papel é a concorrência desleal ocasionada por desvios e fraudes no uso do papel imune, o que implica perda de competitividade e enfraquecimento da indústria do setor de papel como um todo. “O desvio pode acontecer em qualquer ponto da cadeia, mas é sempre danoso. O País perde em tributos, que poderiam ser revertidos para melhorias sociais, como o próprio incentivo à educação, à cultura e à informação, que traria benefícios diretos, inclusive para a cadeia do papel e da impressão”, afirma Levi Ceregato, presidente nacional da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf).

Para driblar essa situação, algumas iniciativas das entidades do setor e das próprias empresas em defesa de regulamentações têm contribuído para o melhor desempenho do setor. Em 25 de outubro de 2013, foi lançada a Campanha de Conscientização do Uso do Papel Imune por meio da Abigraf, da Associação Nacional dos Distribuidores de Papel (Andipa) e da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e ainda das empresas signatárias, que se comprometeram com a causa pela transparência das suas operações. Outro marco importante foi a implantação do Sistema de Registro e Controle das Operações com Papel Imune (Recopi), que começou em São Paulo e já foi adotado por 17 Estados brasileiros. Com o Recopi em vigor, conforme dados até agosto de 2014, foram descredenciados 249 contribuintes e lavrados 262 autos de infração, totalizando R$ 532 milhões em impostos, juros e multas.

O mercado de papel tem comportamentos e demandas distintas, de acordo com o tipo de produto e sua aplicação. De qualquer forma, é possível afirmar que o papel imune, de uso exclusivo do segmento editorial, já é impactado pelas mídias eletrônicas e em transformação. Na prática, já é possível prever uma redução nesses volumes. A Andipa defende que se deve avaliar também a redução das alíquotas de forma que a diferença entre o papel tributado e o imune seja menor e desestimule a fraude, ampliando a base de arrecadação.
Fonte: Celulose Online
Tags: celulose, mercado, papel, produção gráfica
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