Tendências - 17/01/2017 - 13:48
Diante das novas exigências do mercado, bancas de revistas e jornais da cidade estão mudando seu perfil e, a princípio, agradando a clientela. A mudança que até dois anos atrás era impossível, agora é garantida pela lei municipal 14.633/2015 e pelo decreto 871/2016, que a regulamenta. A nova regulamentação das bancas foi um projeto de lei do executivo elaborado com participação de representantes do setor.
Instalada na Praça Osório desde 1969 , a Banca Universo foi uma das pioneiras na mudança. Em meados do ano, a Universo foi totalmente reformada e de cara nova, agora oferece, além de jornais e revistas, também café, tortas, lanches, doces e salgados que podem ser saboreados ali mesmo, no balcão ou levados para viagem.
Augusto dos Santos, que hoje cuida da banca herdada da família conta que a decisão de incluir lanches, doces e café, entre outras novidades, faz parte da estratégia de modernização do espaço. “Se estamos em meio a uma crise, não adianta ficar só reclamando, tem que fazer alguma coisa, investir o que for possível, procurar atrair e agradar uma nova clientela”, diz ele.
Dona Divina, que entrou na banca atraída pelos apetitosos salgados visíveis para quem passa na calçada, gostou da mudança. “Ficou bom, parei para pegar um lanche, senão teria ido embora direto”, disse ela.
Como Augusto, também os irmãos Stephanie e Eduardo Zen decidiram abrir espaço na Banca da Lola para lanche, café e refrigerante. Onde antes ficavam revistas que acabavam encalhando, agora fica o balcão de sorvete e, nos próximos dias vai entrar na banca também um freezer para bebidas não alcoólicas. Na frente, a vitrine com sobremesas e salgados.
Stephanie é neta da Dona Lola, proprietária da banca que funciona há mais de 60 anos na Marechal Deodoro e que agora está cuidando da saúde, deixando o empreendimento na mãos dos mais jovens. “Não há outra saída, tem que mudar”, diz Stephanie. Ela afirma que já não é possível depender apenas do faturamento com jornais e revistas que hoje também são vendidos em supermercados, postos de gasolina e lojas de conveniência. “Há uma caução muito alta para retirar as revistas e ainda é preciso pagar alguém para buscar, é muita despesa e vende muito pouco”, diz ela.
A reforma incluiu, além de espaço para as novidades, também paredes reforçadas com placas de aço e MDF e grades de reforço nas portas. “A segurança é um problema sério, ao decidir investir no negócio foi preciso primeiro pensar na segurança”, afirma.
Stephanie espera terminar as instalações internas nos próximos dias e, em seguida, instalar mesas e cadeiras na calçada o que já é possível, desde que de acordo com os padrões definidos por Urbs, Ippuc e Secretaria Municipal de Urbanismo.
Mesmo sem ainda ter acabado sua reforma, o resultado, conta, tem sido satisfatório. “É um outro público, as pessoas já não entram numa banca para procurar revistas”, diz ela, que continua vendendo jornais e, como outros, também explora publicidade.
Decreto
Tanto Stephanie quanto Augusto destacam a modernização das bancas como uma questão de sobrevivência do negócio o que, afirmam, só está sendo possível graças à nova regulamentação. “Era uma reivindicação antiga, um pedido insistente dos permissionários que, finalmente, virou realidade”, afirma Stephanie.
A nova regulamentação que, inclusive, permite exploração de espaço publicitário pelas próprias bancas, começou a ser delineada em 2013, quando a Urbs, responsável pelo gerenciamento de espaços públicos de exploração comercial, fez um recadastramento dos permissionários de bancas de jornais e revistas.
A partir daí, em conjunto com o setor, foram elencadas as diretrizes de um projeto de lei do Executivo que, aprovado pela Câmara de Vereadores, foi sancionado pelo prefeito em 2015. Naquele mesmo ano foi regulamentada a colocação de mesas e cadeiras no entorno e, neste ano foi estabelecido o novo regulamento das bancas que autoriza as alterações feitas, por exemplo, na Banca da Lola e na Banca Universo.
Novo tempo
A nova lei (14663/2015) moderniza o funcionamento das bancas, amplia o mix de produtos, permite a adoção de novas tecnologias e cria condições para melhoria do atendimento à população. Agora, o permissionário, uma vez autorizado pela Urbs, pode usar espaço contíguo á banca para melhor acomodar a clientela e também pode vender artigos de papelaria, serviços de fax e fotocópias, plastificar documentos; vender CDs, DVDs, pendrives e cartões de memória, entre outros produtos.
As bancas de jornais e revistas de Curitiba também ficam autorizadas a funcionar como ponto de informação turística da cidade instalando, se houver espaço, totens eletrônicos para disponibilização de informação digital, além de aderir ou encaminhar pacotes turísticos, seguindo as diretrizes do Instituto Municipal de Turismo.
Curitiba tem atualmente 170 bancas de jornais e revistas localizadas em ruas e logradouros públicos e gerenciadas pela Urbs. Também de acordo com a nova lei das bancas, novos espaços para esta finalidade terão que ser obrigatoriamente licitados.
Fonte: Jornal Online BEMPARANÁ