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O dilema de Matusalém

Artigo - 08/04/2014 - 12:15

por Fabio Arruda Mortara, presidente da ABIGRAF Nacional e SINDIGRAF-SP

Quando os povos da Mesopotâmia, no Oriente Médio, criavam a linguagem escrita, há quase cinco mil anos, do outro lado do mundo, nas Montanhas Brancas da Califórnia, nos Estados Unidos, florescia um pinheiro da espécie Pinus longaeva, hoje uma portentosa árvore, considerada pelos estudiosos o ser vivo mais antigo do Planeta. Matusalém, como foi carinhosamente apelidada, testemunhou, portanto, como a capacidade de dar significado lógico a caracteres impressos mudou o destino da humanidade. Sim, pois o progresso nesses cinco milênios foi infinitamente maior do que nos milhões de anos anteriores.

A velha árvore assistiu ao advento do Egito e da Grécia Clássica, contemplou a ascensão e queda do Império Romano, foi suserana de sua linda montanha no período medieval, vivenciou o Renascimento, a Idade Moderna e a Contemporânea. Chorou mil guerras, emocionou-se com a grandeza e a sabedoria e se chocou ante a mesquinhez e a loucura do bipolar Homo sapiens sapiens. Arrepiou-se de medo quando europeus e norte-americanos devastaram florestas inteiras nos séculos 19 e 20. Revigorou-se de otimismo ao perceber a aurora da consciência sobre a sustentabilidade.

Aos seus jovens vizinhos e primos, pinheiros de apenas mil anos com os quais vive nas altitudes das Montanhas Brancas, a velha árvore teria confessado, um dia, o seu dilema existencial: “Os pergaminhos dos escribas, o papel dos livros e revistas e de todos os impressos, fundamentais na transmissão da cultura e evolução da humanidade, advêm de matéria-prima vegetal. Não haveria como conciliar a indispensável comunicação gráfica com a preservação das florestas nativas”?

Sim, Matusalém há, conforme evidencia a campanha Two Sides, iniciativa inglesa já presente em quatro continentes, que valoriza a comunicação gráfica e esclarece com sucesso o seu caráter sustentável. Depois de numerosas gestões e cuidadosa preparação, o Brasil passa a integrar esse bem-sucedido movimento, que dissemina informações comprovadas de que o impresso é protagonista de ganhos econômicos, ambientais e sociais e que agrega muito valor à civilização.

O lançamento oficial no País ocorreu dia 7 de abril de 2014, em reunião do Copagrem (Comitê da Cadeia Produtiva do Papel, Gráfica e Embalagem da FIESP). São signatárias nacionais 29 entidades de classe integrantes da cadeia produtiva da comunicação impressa e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. A iniciativa reforça a divulgação de que procedem de florestas cultivadas cem por cento do papel produzido no Brasil para atividades de impressão. Aqui, não se derruba um arbusto nativo sequer para que nossas crianças tenham livros e cadernos e possamos, sem dramas de consciência, ler jornais e revistas e acondicionar remédios e alimentos em embalagens de papel-cartão.

Assim, se depender da indústria gráfica e da cadeia produtiva do papel, a flora amazônica e a de todo o País sobreviverão para testemunhar a aventura do homem nos próximos milênios e o Brasil poderá cumprir seu vaticínio de pulmão do mundo! Por isso, a velha árvore norte-americana pode fazer sua fotossíntese aliviada. Nada é mais eficiente do que a informação correta para se instituírem juízos de valor.

O dilema de Matusalém é o mesmo de numerosas pessoas. Afinal, todos entendem a sua importância para a sociedade e amam livros, revistas, jornais, cadernos e os impressos. Ao mesmo tempo, preconizam a preservação das florestas. Por isso, é lamentável a desinformação sobre o tema, tornando essencial a campanha Two Sides. Esta é uma luta na qual não devemos esmorecer, inclusive porque a consciência ecológica, consentânea da informação difundida nos jornais, livros e toda a comunicação gráfica, é imprescindível para que a atual e as futuras gerações selem indissociável compromisso com a preservação do Planeta.

Fonte: Assessoria de Imprensa
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