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NO MÊS DOS DIREITOS DAS MULHERES, UM BATE-PAPO COM BEATRIZ BIGNARDI

Tendências - 12/03/2020 - 14:36

Toda vez que chega numa das reuniões mensais em que representa o SINDIGRAF-SP na FIESP, Beatriz Bignardi, que também é diretora setorial de Cadernos da ABIGRAF-SP, sabe que vai enfrentar um ambiente predominantemente masculino. “Não é comum uma entidade ter uma representante mulher nos conselhos da FIESP. Como representante do SIndigraf-SP na entidade, consigo perceber que as pessoas ficam surpresas. O universo masculino ainda não se sente à vontade com a presença feminina para debater em condições iguais”.
Beatriz tem 63 anos de idade. Empresária de sucesso, é diretora da Bignardi Papéis, empresa fundada em 1915. Tem dois filhos, Paula (31) e Thiago (33) e 3 netos. É engenheira química formada pelo Mackenzie. “Da engenharia eu trouxe para o dia a dia da empresa o espírito da lógica, do raciocínio voltado para organização, planejamento e prevenção de problemas”.

Na Bignardi Papéis, onde é diretora, a atividade dela é organizacional, com foco na gestão e administração contábil e fiscal. “No meu ambiente de trabalho cotidiano, não sinto dificuldade nenhuma pelo fato de ser mulher”, ela conta. Porém, como é mãe de dois filhos, entende que os homens poderiam ajudar mais na segunda jornada, dentro de casa “É um problema cultural que aos poucos vai diminuindo, mas existe. A segunda jornada apresenta às mulheres um excedente de trabalho muito grande”.

Beatriz é daquelas pessoas que falam pouco e escutam muito, sempre. “Isso é da minha personalidade. Mas também faço questão de compartilhar as decisões com todos os envolvidos, acredito no poder da comunicação eficiente”. Ela conta que na empresa que dirige não existe diferenciação entre homens e mulheres e a remuneração é igual para todos. Mas diz compreender que, em algumas funções específicas, haja uma diferenciação. “O fato real da disponibilidade de exceder o regime de trabalho convencional para quem tem filhos pode fazer diferença. Fora isso, na Bignardi, apoiamos todas as ações possíveis para coibir a discriminação da mulher e chamar atenção para a causa da igualdade entre os gêneros”.

Em tempos de violência contra a mulher em alta e desigualdade entre os gêneros diminuindo muito lentamente, Beatriz tem um recado para as jovens mulheres que estão agora buscando um lugar no mercado de trabalho “Nós temos a mesma capacidade que os homens em qualquer área de atuação. Nossas performances são iguais. É preciso que as mulheres também se sintam iguais para, a partir daí, buscarmos diminuir as diferenças que ainda são impostas pela sociedade”.

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