Livros - 29/10/2020 - 09:14
“O livro não esquece das
ondas e nem do que o
vento é capaz!”
João Scortecci
O livro nasce na mente dos escritores e ganha forma nas editoras. Porém, é nas gráficas que o livro ganha vida, para depois dar asas à imaginação ou abastecer seus leitores com conhecimento, educação, diversão e cultura. No Dia Nacional do Livro a preocupação é com o futuro do mais nobre e importante produto gráfico de todos os tempos. O cenário para o produto livro no país não permite comemorações, mas suscita nos associados da ABIGRAF (Associação Brasileira da Indústria Gráfica) o sentido de defender o livro da ameaça de tornar-se um produto de difícil acesso para a maioria da população.
A ABIGRAF tem deixado bem clara a sua posição contrária a qualquer movimento que possa fazer o preço do livro subir. Já nos manifestamos contra a criação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e fomos a primeira entidade a alertar a sociedade sobre o risco da PEC 110, que trata da Reforma Tributária, acabar com imunidade fiscal e tributária do papel destinado à impressão de produtos editoriais, o chamado papel imune. Nossa posição em defesa do livro é pública e foi noticiada em reportagens e editoriais em alguns dos principais veículos da imprensa brasileira. Somos a favor de programas de incentivo à leitura, da construção de novas bibliotecas e do acesso cada vez mais vertical da população de baixa renda aos livros.
D. João VI era um amante dos livros. Em 1808, ainda infante, fundou a primeira editora do país, a Impressão Régia (mais tarde conhecida como Imprensa Régia), onde foi produzido o primeiro livro no Brasil, Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga. Dois anos depois, em 1810, era inaugurada a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. A data, 29 de outubro, é uma homenagem à criação da maior biblioteca da América Latina e uma das 10 maiores do mundo.
Difícil imaginar o que pensariam D. João VI e Tomás Antônio Gonzaga sobre o cenário do livro no Brasil. Enquanto nossa entidade faz a sua parte lutando contra a tributação de livros e o fim do papel imune, vale sempre lembrar o que disse o Padre Antônio Vieira sobre o poder dos livros “O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive.” Continuaremos sempre em defesa do livro, não apenas em seu dia nacional.
Levi Ceregato
Presidente da ABIGRAF