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ARQUIVO ABERTO COM FÁBIO MESTRINER

Embalagem - 01/12/2020 - 15:48

Fábio Mestriner é um dos principais designers de embalagens do país. Tem 65 anos, é casado e pai de 3 filhos. O caçula, Bruno, de 38 anos, foi o único que seguiu os passos do pai – é designer e mora em Londres. O desenho sempre foi uma paixão, mas no caminho profissional do desenhista e consultor especialista em embalagens estava o jornalismo (ele tem o registro profissional), a fotografia e a publicidade. Foi diagramador, trabalhou em agências, foi editor de arte da prestigiada revista Iris Foto e da revista Vídeo News. É professor da ESPM e autor de livros didáticos sobre embalagens. 

ABIGRAF: Fale um pouco de sua trajetória profissional. Tudo começou com o desenho, não é?
Mestriner: O desenho sempre foi algo que me atraiu desde a infância. Comecei desenhando histórias em quadrinhos para jornais e em paralelo construí uma carreira como artista gráfico editorial. Em 1987, comecei a desenhar embalagens e não parei mais.

A: Como você foi parar na área de design de embalagens?
Mestriner: Eu era consultor de projeto gráfico editorial da Seragini Young & Rubican e fui convidado para assumir a direção de design da empresa. Era a maior empresa de Design de embalagem do país.

A: A indústria gráfica vem atravessando uma grande crise desde 2012, porém o segmento de embalagens parece imune a essa crise. Por que?
Mestriner: Porque 85% de todos os produtos que existem tem embalagem, a população não para de aumentar, as pessoas estão vivendo mais tempo e o padrão de vida em todo o mundo está melhorando. Além disso, a maioria das pessoas mora nas cidades perto dos supermercados. No Brasil, menos de 13% da população vive no campo, 85% dos alimentos e 70% dos líquidos consumidos no Brasil são embalados. 

A: Embalagens são o futuro da indústria gráfica?
Mestriner: Sem dúvida, as embalagens requerem cada vez mais qualidade de impressão e a indústria gráfica tem ainda a seu favor a possibilidade de usar relevos, texturas, vernizes, hot stamping e outros recursos que valorizam o produto. A embalagem agrega valor ao produto e as embalagens de papel, por exemplo, são utilizadas em sua grande maioria para cumprir esta função

A: Onde a demanda por embalagens tende a ser maior atualmente?
Mestriner: Alimentos e bebidas respondem por cerca de 70% de todas es embalagens, incluindo aí as embalagens de transporte. Com o e-commerce, a necessidade de embalagens cresceu porque passou a ser necessária uma segunda embalagem em cada entrega. O food service também disparou e nele a embalagem é um item fundamental.

A: Em que medida a embalagem pode ser um diferencial competitivo para um produto?
Mestriner: A embalagem representa o “ÚNICO” recurso de marketing de cerca de 90% de tudo que encontramos no mercado, porque a grande maioria não tem verba de marketing ou comunicação e depende única e exclusivamente da embalagem para competir. Além disso a embalagem é considerada pelos especialistas como a “Mídia do Futuro”, uma poderosa ferramenta de marketing que as empresas possuem dentro de casa e pelo qual já pagaram, uma vez que ela faz parte da composição de custo do produto.

A: Várias empresas gráficas estão entrando no setor de embalagens. Quais os fundamentos para que tenham sucesso? O que é imprescindível saber para garantir longevidade nesse ramo?
Mestriner: Em primeiro lugar, a gráfica precisa entender que não está mais competindo com outra gráfica, mas com todas as demais indústrias de embalagem. Em segundo lugar, precisa entender que ela é uma ferramenta de marketing e precisa começar a estudar esta disciplina para poder ajudar seus clientes e entender suas necessidades.

A: Você acredita que associações como a ABIGRAF cumprem bem o seu papel? Como a ABIGRAF pode ajudar seus associados durante uma crise sem precedentes como essa?
Mestriner: A ABIGRAF precisa liderar um “Movimento” afirmativo de valorização das embalagens de papel, que afirme o “Diferencial Marcante” deste tipo de embalagem e mobilize sua cadeia produtiva para defender este diferencial e assim torná-la “preferível”, sempre que possível.

A: Qual a dica que você dá para jovens que estão pensando em entrar no ramo gráfico de embalagens? A carreira é promissora?
Mestriner: O mundo precisa de embalagem e vai precisar cada vez mais. Não é possível vacinar uma criança sem embalagens, nem tomar remédio, combater as pragas das lavouras, fritar um ovo, distribuir os produtos e nem escovar os dentes a gente consegue sem embalagens. No futuro, vai haver mais embalagens. Recomendo fortemente esta escolha!

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