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SINDIGRAF-SP COMPLETA 98 ANOS MAIS FORTE DO QUE NUNCA

Mercado Gráfico - 12/04/2021 - 15:33

Pandemia, crise, desafios para a retomada: uma conversa sobre o passado e o futuro com Levi Ceregato

Em meio à turbulência causada pela pandemia de COVID-19, que nos impede de realizar eventos, reuniões presenciais e principalmente comemorações, em respeito às vítimas, o Sindicato das Indústrias Gráficas de São Paulo SINDIGRAF-SP completou 98 anos de fundação no último dia 17 de fevereiro. O mundo era muito diferente quando o SINDIGRAF-SP surgiu. Tentaremos comparar o momento atual de nossa sociedade com o momento vivido à época da fundação do SINDIGRAF-SP. Para pontuar melhor os desafios futuros e a importância histórica do Sindicato, ao longo de quase um século, convidamos o presidente da entidade, Levi Ceregato.

Começamos perguntando ao nosso entrevistado qual momento seria o mais complicado, o atual ou aquele que a sociedade enfrentava em 1923, quando o SINDIGRAF – SP foi fundado? Para Levi Ceregato é difícil, mas não impossível, comparar as duas situações. Ele lembra que ainda estamos em plena pandemia que já matou quase 3 milhões de pessoas no mundo e mais de 300 mil no Brasil. Em 1923, o mundo já vivia o clima de recuperação depois da primeira guerra mundial (1914-1918) e da pandemia de Gripe Espanhola (1918-1920), com registros seguidos de forte crescimento econômico, aceleração da difusão de conhecimento, informações e cultura em escala global e muito, muito otimismo. O luto havia sido deixado de lado, a prosperidade parecia não ter fim, tudo fervilhava numa época que ficou conhecida como “Os anos loucos”. “Por tudo isso acredito que o ambiente em 2021 é muito mais tenso e preocupante do que era em 1923”, respondeu Ceregato. 

Industrialização, Charles Chaplin, Art Decó, Salvador Dali, petróleo, ONU, sutiã, Freud, Gato Félix, direitos das mulheres, Jazz, Blues e o desenvolvimento tecnológico agitavam o mundo, enquanto aqui em São Paulo a chegada da primeira impressora off-set no Brasil e a Semana de Arte Moderna de 1922 moldavam o ambiente da fundação da Associação dos Industriais e Comerciantes Gráficos do Estado de São Paulo, o embrião da nossa entidade. “Se os pioneiros de nosso sindicato viveram dias de glória, as gerações seguintes enfrentaram grandes desafios“, lembra Ceregato. Ele se refere a sequência de acontecimentos marcantes que começou com a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, o fim da chamada república do café com leite e a ascensão de Getulio Vargas, em 1930, a Revolução Constitucionalista de 32 e a segunda grande guerra mundial. Durante esse tempo, o sindicato passou por algumas mudanças de nome até ser oficialmente denominado, no dia 12 de fevereiro de 1944, Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado de São Paulo, congregando associações sindicais de tipografias, encadernadores e gravuristas.

Ceregato lembra que a história de nossa entidade e da indústria gráfica como um todo foi impressa registrando ciclos de estagnação, como durante a segunda guerra e o final dos anos 80, com ciclos de crescimento, como os registrados na segunda metade dos anos 90 até o início da década passada. “A crise no setor gráfico – e na economia brasileira – começou em 2013. Nosso mercado encolheu e na hora que estávamos dando os primeiros sinais de recuperação, veio a pandemia. Agora é hora de sermos propositivos, de reagir e de encarar os problemas de frente”, afirma o presidente Levi Ceregato. Se nas empresas medidas duras devem ser tomadas em momentos de crise, não poderia ser diferente na administração de tão importante sindicato empresarial.

A reforma trabalhista e o consequente fim da contribuição sindical obrigatória, além da crise econômica que afetou o caixa das empresas, reduziram a arrecadação do SINDIGRAF. Para não prejudicar os serviços prestados pela entidade (ver reportagem a seguir sobre a Contribuição Sindical) “Medidas amargas tiveram que ser tomadas”. Levi se refere à redução do número de colaboradores da entidade, algo que nenhum empresário ou dirigente associativo gosta de fazer. Ele demonstra alternância de sentimentos ao falar do quadro de colaboradores da entidade. “Lamento profundamente pelos colaboradores que, infelizmente, fomos obrigados a desligar. Mas por outro lado tenho orgulho e muita gratidão pelo comprometimento, seriedade e profissionalismo que nosso time atual tem demonstrado, principalmente ao longo dessa pandemia. Todos eles, liderados pelo Wagner Silva e pelo Rogerio Camilo, estão de parabéns e me surpreenderam positivamente”. 

E qual o futuro do SINDIGRAF – SP? Quais os desafios que a entidade terá pela frente para chegar bem ao centenário, em 2023? Para Levi Ceregato, os principais desafios serão continuar cumprindo muito bem o papel de educar, orientar e de fornecer informações técnicas confiáveis aos associados, além de manter proativa a representação legal e institucional do empresariado gráfico de São Paulo. Com a implantação de um novo modelo de governança corporativa e a aproximação com todas as esferas do poder público, além da elevada qualidade dos profissionais que formam a equipe, estão criadas as condições para que o SINDIGRAF chegue aos 100 anos de existência mais forte do que nunca. “Acredito que tenhamos incorporado o legado de determinação e dedicação que os pioneiros da entidade nos deixaram”, afirma com razão Levi Ceregato, que espera a mesma inspiração das próximas gerações de dirigentes gráficos. 

Para qualquer jornalista é difícil resistir a uma pergunta mais direta. Será que Levi Ceregato imaginava assumir o SINDIGRAF-SP (e a ABIGRAF Nacional) durante a pior crise da história econômica da Indústria Gráfica? “Claro que não. Em 2016 sabíamos que seria um trabalho duro, mas não esperávamos a pandemia”. Levi Ceregato diz ter aprendido desde cedo que é preciso estar sempre preparado para o pior. Bem ao seu estilo, ele recorre a ensinamentos e frases de grandes personagens da história, citando desta vez uma frase de Abraham Lincoln, “A maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns” para depois completar. “Ninguém faz nada sozinho, e se estamos atravessando essa tempestade com resiliência e determinação, é por conta da coesão de nossa equipe, de nossos diretores, dos executivos e funcionários de nossas entidades. Sou apenas um bom soldado que está tendo a honra de participar desse combate muito bem acompanhado e na função de líder”.

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