-->

Seminário atrai educadores para refletir sobre educação infantil

Eventos - 22/08/2014 - 07:37

Cerca de 200 educadores das redes pública e privada de ensino participaram do “1º Seminário de Educação Office Brasil Escolar – A convivência do tradicional e do digital na educação infantil”, que aconteceu no dia 13 de agosto no Anhembi, em São Paulo. O evento foi uma iniciativa da regional paulista da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf-SP), com patrocínio da Francal Feiras e idealização da Ricardo Viveiros & Associados, e fez parte da programação paralela da Office Brasil Escolar 2014, a segunda maior feira mundial de artigos para papelaria, escolas e escritórios.

Na abertura, o porta-voz da Abigraf-SP, Reinaldo Espinosa, declarou que a indústria gráfica vem sendo impactada pelo crescimento da comunicação eletrônica e quer entender melhor esse fenômeno. “Mas não fomos movidos apenas por questões de mercado. As evidências de que o contato precoce com as mídias eletrônicas é prejudicial para crianças pequenas têm se avolumado e quisemos contribuir para a reflexão sobre um tema tão importante para o futuro. Afinal, uma infância saudável, lúdica e afetivamente equilibrada é a base sobre a qual se constroem pessoas mais criativas, produtivas e engenhosas -- o capital humano de qualidade que irá assegurar o desenvolvimento contínuo do país e das próximas gerações”, disse ele.

Dificuldades crescentes de socialização, exposição ao cyberbulling, obesidade, limitação de repertório, prejuízos para o desenvolvimento da atenção e da capacidade de aprendizagem, distúrbios de sono e irritabilidade são alguns dos malefícios que vêm sendo associados ao uso excessivo (e principalmente precoce) da tecnologia.

A seguir, destaques das palestras dos cinco especialistas convidados.

Aline M. Richetto, professora de didática aplicada ao cuidado na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, abordou o tema “Brincadeiras e desenvolvimento psicomotor e social e a tecnologia na educação infantil”. Ela lembrou que, embora o Brasil ainda não tenha indicações oficiais sobre o assunto, a Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Canadense de Pediatria recomendam que crianças até 2 anos não sejam expostas a tablets, celulares ou outros eletrônicos e que, dos 3 aos 5 anos, essas diversões não ocupem mais do que uma hora diária da rotina infantil. Dessa idade em diante, o limite pode ser ampliado a, no máximo, duas horas por dia. Pouco entusiasmada com a febre de aplicativos para os pequenas, Aline diz que, neles, a criança encontra tudo pronto e pré-ordenado, o que contraria a liberdade intrínseca às brincadeiras, aumenta a passividade e prejudica a capacidade de interagir socialmente: “Ao brincar, a criança conversa, aprende a criar e a seguir regras, a ser mais tolerante a respeitar o colega, o que não acontece só por estar com o dedinho no aplicativo.”

Ana A.C. Osório, professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, falou sobre “A importância das atividades estruturadas e não estruturadas para o desenvolvimento sociocognitivo na primeira infância”. Embora reconheça que as novas tecnologias dinamizam a rotina familiar, ela recomenda comedimento e diz que vários estudos mostram não haver benefícios no contato de crianças até 2 anos com as tecnologias ditas educacionais e que, pelo contrário, a exposição prolongada à tecnologia impacta negativamente a capacidade de concentração dos pequenos: “Bebês aprendem mais com pessoas do que com a tecnologia”, afirmou. Para Ana, após o segundo aniversário, o uso de tablets é válido, mas por períodos máximos de 15 minutos ao dia.”

Marcelo Sando, filósofo, educador e autor do livro Notas e reflexões sobre educação (Ed. Melo), realizou a palestra “Projeto Scholé – liberdade para descobrir o conhecimento”, na qual questionou o processo de educação tradicional e propôs uma nova pedagogia, na qual o aluno seja orientado a construir seu conhecimento a partir dos próprios interesses e ritmo. Sando comentou ainda que a criança pequena aprende pela convivência e ilustrou com histórias, como a de crianças ainda muito novas que já desbloqueiam celular ou acionam sozinhas o DVD. Sobre os excessos, ele diz: “O fato é que as crianças nem sempre estão vivendo com adultos equilibrados.”

Ricardo Viveiros, jornalista e escritor, compartilhou sua experiência como criador de histórias infantis na palestra “Quem conta um conto aumenta pontos... na criatividade, na compreensão e na imaginação”. Para incentivar o hábito da leitura, ele recomenda estimular as intersecções entre a literatura e a vida e avisa que os leitores (mesmo mirins) são coautores dos livros que leem e reinventam as histórias nas suas cabecinhas. Ressaltou o poder das palavras na formação infantil e fez várias sugestões de como aproximar as crianças dos livros – por exemplo, criando um “cantinho da leitura”, interpretando os personagens enquanto lê e, acima de tudo, transformando essas ocasiões em momentos de compartilhamento: “Até hoje, leio para meu filho de 21 anos quando quero fazê-lo ver algo que me inspirou e que pode inspirá-lo também”, afirma.

Viviane Flores, gerente educacional e coordenadora da equipe de assessoria pedagógica da Editora FTD, em São Paulo, na palestra “O livro infantil e a ampliação do repertório da criança”, elencou quatro qualidades imprescindíveis a um bom livro infantil: o caráter imaginoso (pela presença de mitos, monstros e personagens fantásticos); o dramatismo (determinado por uma trama que envolva e desperte reflexão); linguagem simples (sem ser medíocre); e enredo construído de modo a respeitar a inteligência da criança (sem soluções simplistas). “A leitura para a criança não pode (nem deve) estar vinculada apenas a uma atividade educacional específica”, disse.
Fonte: Assessoria de Imprensa
Tags: Abigraf, abigraf-sp, officepaper, educação
<< Ver outras notícias