Abril
de 2013
Papel imune e sustentabilidade dos impressos são prioridades iniciais do mais novo Comitê de Cadeia Produtiva da Fiesp
Comitê
da Cadeia Produtiva do Papel, Gráfica e Embalagem (COPAGREM) da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), coordenado por Fabio Arruda Mortara,
presidente do SINDIGRAF-SP, reúne sindicatos de indústrias desses e de outros
setores correlatos, para dialogar, debater e alinhar propostas que venham a
fortalecer tais segmentos. Seus temas prioritários iniciais serão o combate ao
uso indevido do papel imune e a ênfase ao caráter sustentável da produção de
celulose no Brasil, integralmente feita com florestas cultivadas, preservando
as matas nativas.
“A
Fiesp é um porta-aviões, vocês são nossos caças. E assim o governo nos
respeitará”, declarou Paulo Skaf, presidente da entidade, no ato de instalação
do novo colegiado.
No evento, realizado na sede da Fiesp, em São Paulo, na
tarde de terça-feira, 9 de abril, o coordenador do COPAGREM, Fabio Arruda
Mortara, presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo
(SINDGRAF-SP) e da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (ABIGRAF
Nacional), falou sobre a iniciativa da Fiesp: “Surgiu a oportunidade
de reunir, nesta casa, mais de 30 entidades de setores correlatos para poder
listar as questões mais importantes do setor e passar a tratá-las de maneira
eficiente e coordenada, como já fizeram outros comitês de cadeias produtivas
estruturados pela Federação”.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, agradeceu a presença de todos e disse
que a criação desse comitê já poderia ter acontecido há muito mais tempo,
porque todas as integrantes do COPAGREM são entidades importantes e com grande
representatividade em seus respectivos setores no país. “Juntos, todos são mais
fortes e com essa força conseguem o respeito do governo. A Fiesp está com vocês,
que terão todo o apoio do nosso Departamento Jurídico, de nossas áreas técnicas
e também podem contar comigo como interlocutor para conversas com autoridades,
políticos e até a presidente da República. Não temos limites para fazer a coisa
certa. Vamos correr atrás”, declarou Skaf.
Um dos principais desafios da cadeia produtiva de
impressão e comunicação está na concorrência com as mídias eletrônicas. “Não
sabemos como a sociedade brasileira irá perceber o valor de impressos em papel
nas próximas décadas. E, com certeza, unidos poderemos fazer isso de uma
maneira mais eficiente”, avalia o coordenador do COPAGREM. Um dos maiores
pesos nessa competição entre impresso e digital está nos equívocos disseminados
durante anos sobre a questão da sustentabilidade do papel.
Nesse ponto, um dos recursos da ABIGRAF Nacional,
unida a outras 30 entidades setoriais, está na divulgação da Campanha de Valorização do Papel e da Comunicação
Impressa. “A articulação de nossa cadeia produtiva tem sido fundamental para
levar esclarecimento à sociedade sobre a cadeia produtiva do papel e da
comunicação impressa, que é essencialmente sustentável. Buscamos,
principalmente, combater o processo de greenwashing, cujos
mentores advogam, equivocadamente, ser o papel um dos principais insumos
a provocar a destruição do meio ambiente”, disse Mortara.
Segundo ele, outra iniciativa que está se
tornando mundial é o movimento Two Sides, que objetiva mostrar que a impressão
e o uso do papel podem ser a forma mais sustentável de comunicação impressa. A
Two Sides faz parte da iniciativa Print Power, da Europa, que combate essa
comunicação equivocada sobre a produção do papel.
Reestruturação tributária
Outro tema da pauta da primeira reunião de
trabalho do COPAGREM foi apresentado pelo diretor de relações internacionais da
Fiesp, Roberto Gianetti da Fonseca, sobre uma grande ameaça para o setor: o
desvio de finalidade do papel isento de impostos (papel imune). De acordo
com Gianetti da Fonseca, a Fiesp estuda uma proposta de reestruturar a tributação
do papel couchê, de maneira a tentar colocar um ponto final em um problema que
se apresenta praticamente desde a instituição da imunidade de impostos para
estes produtos, em 1946. “Esse problema é antigo e grave. É uma fraude das mais
difíceis de combater e que tem aumentado bastante. Esse processo de
vulgarização contamina vários elos da cadeia produtiva. Assim, os bons e
honestos não sobrevivem, sucumbem diante da força dessa fraude. Está na hora de
toda a indústria investir para que isso termine, do contrário não teremos mais
indústria de papel couchê no Brasil”, disse o diretor da Fiesp.
De fato, de acordo com a presidente da
Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Elizabeth de Carvalhaes,
em 2012 aproximadamente 700 mil toneladas de papel entraram no mercado
brasileiro, declaradas como imune, mas foram desviadas. “Para as empresas
nacionais já há uma perda de 57% do mercado nacional para a importação ilegal”,
disse a dirigente setorial.
Por falar em possibilidade de extinção, o ainda
questionado fim do papel impresso foi
abordado pelo coordenador do COPAGREM. “Eu não acredito nisso. Hoje estão aqui
os presidentes das principais entidades dos setores que integram o COPAGREM, da
indústria de impressão, de livros, de propaganda, de papel, de embalagens etc.
Fica claríssimo que as mídias (em papel) permanecerão ainda durante muitas
décadas; temos certeza que as formas impressas realmente vão subsistir como
componentes de um novo mundo que a gente não sabe como será, mas, certamente,
precisaremos de um envelope, um documento em papel, um diploma, uma embalagem,
enfim, isso valerá para o jornal, as revistas e tudo o mais. Todas essas mídias
vão se acomodar, e queremos entender isso melhor e esticar o ciclo de vida de
todos os produtos, na medida em que isso for possível. Se o COPAGREM ajudará
nesse processo, só dependerá do tipo de proposta, da consistência e dos
resultados que conseguirmos aqui”, concluiu Mortara.
Com a presença de mais de 40 pessoas, a primeira
reunião do COPAGREM teve a participação ativa de presidentes e representantes das seguintes entidades: Associação
Brasileira da Indústria Gráfica Regional São Paulo (ABIGRAF-SP), Associação
Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG), Sindicato Nacional dos Editores de
Livros (SNEL) e Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS), Associação
Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA), Associação Brasileira de Embalagem
(ABRE), Associação Brasileira das Empresas de Rotativas Offset (ABRO),
Associação Brasileira da Indústria de Artefatos de Papel e Papelão (ARTEFATOS),
Associação Brasileira das Indústrias Recicladoras de Papel (ABIRP), Associação
Brasileira da Indústria de Tintas para Impressão (ABITIM), Associação
Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO), Associação Nacional de Editores de
Publicações (ANATEC), Sindicato das Agências de Propaganda do Estado de São
Paulo (SINAPRO), Associação Brasileira
de Relações Públicas (ABRP), Câmara
Brasileira do Livro (CBL), Sindicato Nacional do Comércio Atacadita do Papel e
Papelão (Sinapel), Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares
(Abrelivros), Associação Brasileira de Marketing Direto (Abemd),
Associação Brasileira da Indústria de Material Fotográfico e de Imagem
(Abimfi), Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO), Associação Brasileira
das Indústrias de Tintas Para Impressão (Abitim), Associação dos Agentes de
Fornecedores de Equipamentos e Insumos para a Industria Gráfica (Afeigraf),
Associação Nacional dos Distribuidores de Papeis (Andipa), Associação
Brasileira da Indústria de Artefatos Papel, Papelão, Cortiça e Embalagens
Especiais ou Personalizadas (Siapapeco), Sindicato da Indústria de Tintas e
Vernizes do Estado de São Paulo (Sitivesp) e Associação Brasileira das
Indústrias de Etiquetas Adesivas (Abiea). Todos contribuíram com propostas para
integrarem a pauta da próxima reunião do COPAGREM, prevista para ocorrer na
primeira semana de maio.
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